
O Tribunal dos Contos: A Rainha Branca
Caso 1 - A Rainha
– Então chamamos para o depoimentos a Rainha , acusada de coordenar o homicídio da jovem e inocente Branca de Neve.
O Silêncio pairava no ar, de um lado o júri observava a Rainha andar até seu assento, ao lado do Juiz, do outro as testemunhas acompanhavam seus passos, temerosos de que ela pudesse atirar um feitiço a qualquer momento. De um lado da tribuna a mesa da defesa contava com um único advogado, do lado da acusação, sentado sobre várias almofadas o anão Mestre acompanhado de um advogado.
– Rainha – Iniciou o advogado da acusação, o Príncipe encantado – Abriremos nosso período de perguntas apresentando a prova numero 1 e 2.
A sua frente, em um pequeno pedestal foi depositado um machado e uma pequena caixinha suja de sangue.
– Rainha, Gostaríamos de saber se é verdade que estes itens foram dados ao caçador real, o qual trabalha também como nosso cozinheiro, o trabalho de encontrar e assassinar a Branca de Neve?
– Sim, eu mesmo dei a ele.
– E porquê?
– Ora, meu querido filho. Como todos vocês sabem eu precisava de alguma forma de me defender, de impedir o pior.
– E o que seria este pior?
– Ora meu querido – Ela pausou e encarou os olhos de seu filho – A tomada da coroa é obvio.
– Mentiras!
– Objeção Meritíssimo! – Gritou o advogado de defesa
O Juiz, olhou calmamente de um advogado para o outro e bateu seu martelo pronunciando:
– Objeção aceita, caro Príncipe, você tem algo que sustente sua acusação de mentira?
– Sim – E apontou para o pequeno pedestal – tragam o espelho!
A plateia assistia em choque enquanto um espelho de quase dois metros se materializava, flutuando gentilmente sobre o pedestal. Passados alguns momentos de sua superfície um rosto surgiu. Existia algo imensamente maligno em seus olhos, apesar de sua face ser quase angelical.
– Espelho, espelho meu, me diga a Rainha lhe consultou quanto a Donzela Branca de Neve?
– Oh…. Sim caro Encantado. – E olhou do júri para a rainha – Mais de uma vez.
– E o que ela lhe questionou?
– Bom as variadas vezes que fomos questionados por ela, foi para saber onde ela estava
– E você lhe contou?
– Claro, eu digo apenas o que sou questionado.
– Caro Espelho é verdade que a Rainha foi tomada de fúria por saber que ela não era a mais bela de todas?
– Sim
– É isto. Senhores do Júri eu não tenho mais perguntas ao espelho, claramente este é um crime motivado por inveja. Eu já daria por encerrado.
Então a Rainha se levantou, todos prenderam a respiração novamente.
– Senhora, você não pode se levantar ainda!
– Acredito que eu ainda sou a Rainha e que ainda possa fazer minhas perguntas aqui, senhor Juiz. – E desceu alguns dos degraus e se posicionou a frente do espelho. – Senhores do Júri, não acham muito estranho que a própria rainha da Inglaterra seria imprudente o suficiente para matar uma jovem camponesa apenas por sua aparência? O quão tolos todos vocês são para acreditar nas mentiras criadas pelo meu filho?
E andou até ele, que ao tentar se afastar quase caiu sobre a mesa da defesa.
– Encantado me diga – e Retirou a coroa de sua cabeça e a ofereceu a ele – Não é isto que deseja? Desde que eu lhe conheço eu sei que você deseja meu lugar ao trono.
– CALE A BOCA – Gritou o anão Zangado da plateia – Você mente!
– Uh eu minto… – E riu-se – Certamente que sim, em vários momentos para manter nossa nação segura e minha população alimentada. Mas… acho que não estamos fazendo as perguntas corretas aqui… ESPELHO ESPELHO MEU – Bradou em plenos pulmões – Diga-me quem meu filho se encontrava todas as noites as escondidas de sua própria guarda?
– A Branca de Neve, minha Rainha.
– Diga-me Espelho, você poderia nos dizer o que eles conversavam?
– Eles faziam juras de amor, mas não somente o amor juvenil, Branca prometeu que o ajudaria a se tornar Rei, mas par isto ele precisava de poder e dinheiro
– Diga-me Espelho, com quem Branca de Neve andavas?
– Com os anões, outrora mercenários de guerra, hoje são mineradores
– Do que? – prosseguiu
– Diamantes minha Rainha.
– Me diga espelho, o que você ouviu o Príncipe e a Branca planejando?
– Que com os diamantes eles iriam subornar a guarda real, facilitando seu assassinato quando eles contassem que você havia planejado executar a garota para a população. Facilitando assim a sua sucessão pelo Príncipe.
Com uma pausa, ela andou até o Júri e olhos cada um nos olhos antes de prosseguir:
– Percebem? Tudo que eu fiz para me proteger, proteger meu povo, minha coroa de meu filho e sua namorada. Sim, eu confesso, eu a envenenei para me proteger, eu enviei o caçador para tentar matá-la, mas ele foi fraco demais, seduzido por sua pele, seu sorriso fácil e risada contagiante. – E apontou para o seu filho – Meu crime não foi motivado por inveja a sua beleza, pois por mais que ela possa ser realmente mais bonita que eu. Ela não tem uma coisa, o qual ela só teria graças a você. Poder. Entretanto meus queridos, eu não me tornei a Rainha por 45 longos anos seguidos sem ser inteligente.
E calmamente andou até o espelho:
– E por último, diga-me espelho, Onde está a Branca de Neve neste momento?
– Ela está na casa dos anões na floresta, preparando o jantar para todos.
– Então é isto senhoras e senhores. Eu já daria este caso por encerrado, mas iniciaria outro o julgamento de traição do Príncipe.